segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

ALERGIA




Um dos efeitos colaterais importantes da imunidade é o desenvolvimento, em certas condições, de alergia. Existem diferentes tipos de alergia, alguns dos quais pode ocorrer em qualquer pessoa, ao passo que outras são apenas observados em pessoas com tendência alérgica específica.

ALERGIA DA REAÇÃO TARDIA

Este tipo de alergia quase sempre provoca erupções cutâneas em resposta a determinados medicamentos ou substâncias químicas, em particular alguns cosméticos e produtos químicos de uso doméstico, aos quais a pele é freqüentemente exposta. Outro exemplo desse tipo de alergia é a erupção cutânea causada por exposição à urtiga.
A alergia da reação tardia é causada por células T ativadas, e não por anticorpos. No caso da urtiga, a toxina em si não causa muito dano aos tecidos. Todavia, após exposição repetida, determina a formação de células T auxiliares e citotóxicas. A seguir, com exposição subseqüente à toxina da urtiga, as células T ativadas, dentro de cerca de um dia, difundem-se em número suficiente para a pele, respondendo à toxina e desencadeando um tipo de reação imune mediada por célula. Esse tipo de imunidade pode ocasionar a liberação de muitas substâncias tóxicas pelas células T ativadas, bem como a invasão extensa dos tecidos por macrófagos, com seus efeitos subseqüentes, com o eventual resultado de algumas alergias de reação tardia podendo consistir em grave lesão dos tecidos.

ALERGIA NA PESSOA “ALÉRGICA”

Algumas pessoas apresentam tendência “alérgica”. Suas alergias são denominadas alergias atópicas, por serem causadas pro resposta não habitual do sistema imune. A tendência é transmitida geneticamente de pai para filho e caracteriza-se pela presença de grandes quantidades de anticorpos IgE. Esses anticorpos são denominados reaginas ou anticorpos sensibilizadores, para distinguir-se dos anticorpos IeG mais comuns. Quando um alérgeno (definido como um antígeno que reage especificamente com determinado anticorpo reagínico IgE) penetra no organismo, ocorre a reação alérgeno-reagina, com conseqüente ocorrência de reação alérgica.
Uma característica especial dos anticorpos IgE (as reaginas) consiste na sua forte tendência a fixar-se a mastócitos e basófilos. Na verdade um só mastófito ou basófilo é capaz de fixar até meio milhão de moléculas de anticorpos IgE. A seguir, quando o antígeno (o alérgeno), que possui múltiplos sítios de ligação, fixa-se a vários anticorpos IgE ligados a um mastócito ou basófilo, essa fixação determina alteração imediata da membrana celular, talvez devido ao simples efeito físico das moléculas de anticorpo serem puxadas pelo antígeno. De qualquer forma, muitos dos mastócitos e basófilos sofrem ruptura; outros liberam seus grânulos sem se romper e também secretam outras substâncias que não estão pré-formadas nos grânulos. Algumas das diversas substâncias que são liberadas imediatamente ou secretadas pouco depois incluem histamina, substância de reação lenta da anafilaxia (que é uma mistura de substâncias tóxicas denominadas leucotrienos), substância quimiotáxica dos eosinófilos, protease, substância quimiotáxica dos neutrófilos, heparina e fatores ativadores de plaquetas. Essas substâncias causam certos fenômenos, como dilatação dos vasos sanguíneos locais, atração dos eosinófilos e neutrófilos para o sítio reativo, lesão dos tecidos locais pela protease, aumento da permeabilidade dos capilares e perda de líquido para os tecidos e contração das células musculares lisas locais. Por conseguinte, qualquer um dos diferentes tipos de respostas teciduais anormais pode ocorrer, dependendo do tipo de tecido em que se verifica a reação alérgeno-reagina. Dentre os diferentes tipos de reações alérgicas causadas dessa maneira destacam-se:
- Anafilaxia: Quando um alérgeno específico é injetado diretamente na circulação, ele pode reagir em áreas disseminadas do organismo, estando os basófilos circulantes e os mastócitos situados imediatamente fora dos pequenos vasos sanguíneos. Por conseguinte, ocorre reação alérgica disseminada em todo o sistema vascular e nos tecidos estreitamente associados a ele. Trata-se da dominada anafilaxia. A histamina liberada na circulação provoca vasodilatação periférica disseminada, bem como aumento da permeabilidade dos capilares e perda pronunciada de plasma da circulação. Com freqüência, os indivíduos que sofrem essa reação morrem de choque circulatório dentro de poucos minutos, a não ser que sejam tratados com norepinefrina para antagonizar os efeitos da histamina. Além disso, as células liberam a mistura de leucotrienos denominada substância de reação lenta da anafilaxia, que causa espasmo da musculatura lisa dos bronquíolos, desencadeando uma crise semelhante á asma e, por vezes, causando morte por sufocação.
- Urticária: Resulta da entrada do antígeno em áreas específicas da pele, provocando reações anafilactóides localizadas. A histamina liberada localmente provoca vasodilatação, que induz hiperemia imediata, e aumento da permeabilidade local dos capilares, resultando em áreas circunscritas locais de edema da pele em poucos minutos. A administração de anti-histamínicos antes da exposição impede a formação dessas bolhas.
- Febre do feno: A reação alérgeno-reagina ocorre no nariz. A histamina libera liberada em resposta provoca dilatação vascular local, e conseqüente elevação da pressão capilar, bem como aumento da permeabilidade capilar. Ambos os efeitos produzem rápida perda de líquido para os tecidos do nariz, de modo que a mucosa nasal torna-se edemaciada a secretora. Nesse caso, também, o uso de anti-histamínicos pode evitar essa reação de edema. Todavia, outros produtos da reação alérgeno-reagina ainda podem causar irritação do nariz, desencadeando a típica síndrome de espirros, a despeito da terapia com medicamentos anti-histamínicos.
- Asma: A reação alérgeno-reagina ocorre nos bronquíolos dos pulmões. Nesse caso, o produto mais importante liberado pelos mastócitos parece ser a substâncias de reação lenta de anafilaxia, que provoca espasmo da musculatura lisa bronquiolar. Conseqüentemente, a pessoa tem dificuldade de respirar até que os produtos reativos da reação alérgica tenham sido removidos. Infelizmente, a administração de anti-histamínicos tem pouco efeito sobre a evolução da asma, visto que a histamina não parece constituir o principal fator no desencadeamento da reação asmática.




REFERÊNCIA:

GUYTON, ARTHUR C.; HALL, JOHN E. Tratado de fisiologia médica. 10ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.

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