terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

APLICAÇÕES DA BIÓPSIA MUSCULAR EM FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO.


A biópsia muscular humana é um procedimento invasivo que remove uma pequena parte do tecido muscular do corpo humano. No local onde a biópsia será realizada, é dada uma injeção de anestésico na pele e no tecido conjuntivo adjacente. Uma vez que o anestésico faz efeito, uma pequena incisão é feita na pele e abaixo dela, na fáscia, que recobre o músculo. A agulha da biópsia é forçada para dentro a abertura. Quando está no lugar, puxa-se o êmbolo e a guilhotina sobe. Para aumentar o tamanho da amostra, é produzida uma sucção dentro da agulha para forçar o músculo dentro da janela da agulha. A guilhotina é então forçada para baixo, cortando o músculo. A agulha é então removida, com amostra muscular dentro.

COMO SÃO PROCESSADAS E ANALISADAS AS BIÓPSIAS MUSCULARES?

Quando a amostra muscular é removida da agulha, ela pode ser processada de várias maneiras. De forma bioquímica, a amostra muscular é congelada em nitrogênio líquido o mais rapidamente possível. Alguns pesquisadores colocam a agulha com o músculo dentro imediatamente no nitrogênio líquido para prevenir o atraso na remoção do músculo da agulha. Se a amostra for usada em preparações histoquímicas, a rapidez no congelamento é menos importante.

CONGELAMENTO SECO VERSUS CONGELAMENTO ÚMIDO.

A amostra muscular pode ser congelada do jeito que está, ou também o seu conteúdo hídrico pode ser removido por sublimação a vácuo (congelamento seco). Se o músculo é congelado na forma inicial, ele conterá grande conteúdo de água, que diluirá a concentração e metabólitos. Por outro lado, o congelamento a seco permite que a água seja removida, aumentando a concentração de metabólitos e, portanto, melhorando a capacidade de detectar metabólitos através de testes enzimáticos. O inconveniente do congelamento a seco é que os metabólitos não estão em sua concentração normal. Entretanto, dividindo por 4,11 a concentração expressa de metabólitos pelo peso do músculo seco, teremos uma concentração próxima aos valores do peso úmido.

BIOQUÍMICA ENZIMÁTICA.

Os metabólitos musculares e a atividade enzimática são freqüentemente determinados, primeiro, homogeneizando o músculo em uma solução que contém tampões e eletrólitos. Para os testes de metabólitos, uma amostra dessa solução é adicionada em tubos de teste que contém enzimas apropriadas, substratos ativadores de enzimas que induzem a reações que, conseqüentemente, irão aumentar a concentração de um produto final favorável que pode ser mensurado por técnicas indiretas (usualmente a NADH, que pode ser mensurada por espectrofotometria ou fluorometria).

HISTOLOGIA.

Para a preparação histológica, a amostra muscular precisa ser limpa do excesso de sangue e do tecido conjuntivo. Posteriormente, é associada a uma pasta especial em uma pequena plataforma (usualmente cortiça). A amostra conjunta é então congelada vagarosamente em um solvente orgânico (exemplo, isopentano) para prevenir dano na amostra que pode ocorrer durante o congelamento rápido, sendo então estocada para posterior preparação histológica.
Microscopicamente, finas fatias do tecido congelado são obtidas em um criostato. Seções seriadas desse tecido são colocadas em solução contendo substâncias químicas que favorecem especificamente uma dada reação, ou desnaturam enzimas selecionadas de um determinado tipo de fibra muscular. Por exemplo, o corante Schiff produz uma cor rosa, com a intensidade da cor sendo proporcional ao carboidrato muscular (glicogênio).
Se a coloração da miosina ATPase envolve a pré-incubação das seções em um ácido médio de pH igual a 4,3, desnatura a enzima miosina ATPase em fibras musculares rápidas e permite posterior incubação e reações de depósito de cobalto nas fibras lentas onde a miosina ATPase continua ativa. Isso colore a fibra lenta de preto e deixa as fibras rápidas sem coloração quando vistas pro microscópio. A pré incubação em uma solução pH igual a 10,3 pode desnaturar a miosina ATPase das fibras lentas, resultando, subseqüentemente, na coloração das fibras musculares rápidas que têm miosina ATPase ativa. Conseqüentemente, antes do contato com o pH 10,2, as fibras rápidas permanecem pretas e as fibras lentas permanecem sem cor. Se a incubação ocorre em pH relativamente baixo (pH=4,6), algumas fibras musculares que estão classificadas como rápidas por estados pré-incubação de pH 4,3 ou 10,3 conservam alguma atividade da miosina ATPase. Essas figuras revelam uma coloração clara de incubação e reação que sofreram e têm sido classificadas como fibras rápidas oxidativas (IIa ou ROG).




REFERÊNCIA:


ROBERGS, ROBERT A.; ROBERTS, SCOTT O. Princípios fundamentais da fisiologia do exercício para aptidão, desempenho e saúde. 1° ed. São Paulo: Phorte Editora, 2002.

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